terça-feira, 21 de agosto de 2012

Sobre Perrenaud

Há diversos materiais sobre este pensador divulgados na internet. Selecionamos alguns para aprofundar a questão:



Pensador: Perrenoud

Dentre os demais pensadores da educação estudados, outro que chama a atenção é Phillipe Perrenoud. Reconhecido por sua teoria de aplicação do conhecimento por meio do desenvolvimento de competências, o francês respondeu a questionamentos para a revista Nova Escola, em setembro de 2000, em que declara como percebe o crescimento cognitivo das pessoas. Ao final da postagem, há o link de onde fora extraído o diálogo. Seguem abaixo algumas perguntas e respostas mais interessantes:

1. O que é competência ? Poderia me dar alguns exemplos ?
Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. Três exemplos :
  • Saber orientar-se em uma cidade desconhecida mobiliza as capacidades de ler um mapa, localizar-se, pedir informações ou conselhos ; e os seguintes saberes : ter noção de escala, elementos da topografia ou referências geográficas.
  • Saber curar uma criança doente mobiliza as capacidades de observar sinais fisiológicos, medir a temperatura, administrar um medicamento ; e os seguintes saberes : identificar patologias e sintomas, primeiros socorros, terapias, os riscos, os remédios, os serviços médicos e farmacêuticos.
  • Saber votar de acordo com seus interesses mobiliza as capacidades de saber se informar, preencher a cédula ; e os seguintes saberes : instituições políticas, processo de eleição, candidatos, partidos, programas políticos, políticas democráticas etc.
3. Quais as competências que os alunos devem ter adquirido ao terminar a escola ?
É uma escolha da sociedade, que deve ser baseada em um conhecimento amplo e atualizado das práticas sociais. Para elaborar um conjunto de competências, não basta nomear uma comissão de redação. Certos países contentaram-se em reformular os programas tradicionais, colocando um verbo de ação na frente dos saberes disciplinares. Onde se lia "ensinar o teorema de Pitágoras", agora lê-se "servir-se do teorema de Pitágoras para resolver problemas de geometria". Isso é maquiagem. A descrição de competências deve partir da análise de situações, da ação, e disso derivar conhecimentos. Há uma tendência em ir rápido demais em todos os países que se lançam na elaboração de programas sem dedicar tempo em observar as práticas sociais, identificando situações nas quais as pessoas são e serão verdadeiramente confrontadas. O que sabemos verdadeiramente das competências que têm necessidade, no dia-a-dia, um desempregado, um imigrante, um portador de deficiência, uma mãe solteira, um dissidente, um jovem da periferia ? Se o sistema educativo não perder tempo reconstruindo a transposição didática, ele não questionará as finalidades da escola e se contentará em verter antigos conteúdos dentro de um novo recipiente. Na formação profissional, se estabelece uma profissão referencial na análise de situações de trabalho, depois se elaborou um referencial de competências, que fixa os objetivos da formação. Nada disso acontece na formação geral. Por isso, sob a capa de competências, dá-se ênfase a capacidades sem contexto. Resultado: conserva-se o essencial dos saberes necessários aos estudos longos, e os lobbies disciplinares ficam satisfeitos.

8. Quais são as qualidades profissionais que o professor deve ter para ajudar os alunos a desenvolver competências ?
Antes de ter competências técnicas, ele deveria ser capaz de identificar e de valorizar suas próprias competências, dentro de sua profissão e dentro de outras práticas sociais. Isso exige um trabalho sobre sua própria relação com o saber. Muitas vezes, um professor é alguém que ama o saber pelo saber, que é bem sucedido na escola, que tem uma identidade disciplinar forte desde o ensino secundário. Se ele se coloca no lugar dos alunos que não são e não querem ser como ele, ele começará a procurar meios interessar sua turma por saberes não como algo em si mesmo, mas como ferramentas para compreender o mundo e agir sobre ele. O principal recurso do professor é a postura reflexiva, sua capacidade de observar, de regular, de inovar, de aprender com os outros, com os alunos, com a experiência. Mas, com certeza, existem capacidades mais precisas :
  • saber gerenciar a classe como uma comunidade educativa ;
  • saber organizar o trabalho no meio dos mais vastos espaços-tempos de formação (ciclos, projetos da escola) ;
  • saber cooperar com os colegas, os pais e outros adultos ;
  • saber conceber e dar vida aos dispositivos pedagógicos complexos ;
  • saber suscitar e animar as etapas de um projeto como modo de trabalho regular ;
  • saber identificar e modificar aquilo que dá ou tira o sentido aos saberes e às atividades escolares ;
  • saber criar e gerenciar situações problemas, identificar os obstáculos, analisar e reordenar as tarefas ;
  • saber observar os alunos nos trabalhos ;
  • saber avaliar as competências em construção.
 10. Como fazer uma avaliação em uma escola orientada para o desenvolvimento de competências ?
Não se formará competências na escolaridade básica a menos que se exija competências no momento da certificação. A avaliação é o verdadeiro programa, ela indica aquilo que conta. É preciso, portanto, avaliar seriamente as competências. Mas isso não pode ser feito com testes com lápis e papel. Pode-se inspirar nos princípios de avaliação autêntica elaborada por Wiggins. Para ele a avaliação :
  • não inclui nada além das tarefas contextualizadas ;
  • diz respeito a problemas complexos ;
  • deve contribuir para que os estudantes desenvolvam ainda mais suas competências ;
  • exigir a utilização funcional dos conhecimentos disciplinares ;
  • não deve haver nenhum constrangimento de tempo fixo quando da avaliação das competências ;
  • a tarefa e suas exigências são conhecidas antes da situação de avaliação ;
  • exige um certa forma de colaboração entre os pares ;
  • leva em consideração as estratégias cognitivas e metacognitivas utilizadas pelos estudantes ;
  • a correção não deve levar em conta o que não sejam erros importantes na ótica da construção de competências.
Para ler a entrevista da íntegra, acesse este link.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Sobre Toro

Algumas das questões mais interessantes para a interação entre conteúdo e aplicabilidade está na voz de Bernardo Toro. Diante de sua exposição acerca das capacidades, não há exclusão do conhecimento adquirido mesmo em ambientes mais ortodoxos - o que viabiliza a sala de aula ainda como meio alternativo para uma educação de qualidade, mesmo que na UTI do avanço social.
As capacidades que devemos gerir como ideal de aprendizado devem ser contextulizadas. Sabemos que ensinar um conteúdo como regência verbo-nominal, na Língua Portuguesa, é bastante complexo, considerando sua teoria fundamentada em uma gramática histórica. Quando aplicado ao texto, percebendo as nuances de variação de significado por um mau uso linguístico, necessita-se observar que conhecer determinados pontos do conteúdo é bastante útil.
Saber ler o mundo é um ponto que extrapola o nível do conhecimento, mas invade a pedagogização do cotidiano. Leitura de mundo se aprofunda em sala de aula, mas se aprende no convívio, na sociedade - escola mais que útil para nosso crescimento. A leitura de uma pessoa caminhando na rua pode ser tão importante quanto a de uma obra da literatura universal, tendo em vista a aplicação - Posso ajudá-lo? Devo ajudá-lo? Sei como ajudá-lo? São questões tão importantes quanto os sentidos que extraio de um texto - Que ideologia me passa? Concordo com isso? Identifico-me com algo?
A sala de aula, no seu universo de complexidades e inadequações ao cotidiano, serve à educação como a rua, a televisão, as pessoas: é o espaço da reflexão, da busca pelo crescer, pelo conquistar o avanço psicológico e intelectivo. Caso os educadores tenham a noção de que o espaço pode ser usufruído para a focalização externa da escola, não a vendo como um espaço à parte da vida, tornar-se-á ainda mais prática do que se revelou até certa altura de seu tempo.
Bernardo Toro perpassa todos esses conceitos. Avança em ideias sobre aplicabilidade e inclui-se entre aquele a quem devemos respeito como pensador. Por mais que se supunha que qualquer pessoa poderia pensar no mesmo, a avaliação dada ao constructo o torna um expoente. Educar para o crescer não se faz apenas pensando: faz-se aplicando.


Desafios da educação

No vídeo exposto abaixo, Bernardo Toro trata sobre os desafios da educação em sua terra, Colômbia. As ideias, no entanto, universalizam-se pela utilidade e pela aplicabilidade. Vejamos o que o pensador tem a nos dizer:


Tendências: Bernardo Toro

Dentre os pensadores da educação atuais, o nome de Bernardo Toro é uma das principais referências na América Latina. Com o chavão "educar para o crescer", sua teoria tende a mostrar que o auxílio ao próximo é uma das principais formas de fomentar a educação.
Entre suas ideias, está a de que o estudante deve ter domínio de leitura e de escrita; capacidade de fazer cálculos e resolver problemas; capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações; capacidade de compreender e atuar em seu entorno social; receber criticamente os meios de comunicação; capacidade de localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada; capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo.
Como sua contribuição tende a aproximar o mundo real e o mundo escolar, torna-se uma das teorias mais úteis a serem aplicadas, tendo em vista que o desenvolvimento social de qualquer cidadão se vincula ao quanto ele consegue notar sua teoria aplicada ao dia a dia. Sendo assim, não bastaria levantar a ideia - ter-se-ia de vê-la a olhos nus, utilizável e aplicável.
Abaixo, alguns links que mostram a relevância das ideias de Toro:

Portfólio

Olá!
Para acompanhar meus trabalhos, conheça meu portfólio:
http://www.kawek.com.br/lucasbonez :D

Das motivações

Olá!
Este blog tem como objetivo divulgar e refletir sobre as novas tendências do ensino e suas possibilidades de aplicação. Quer-se, num primeiro momento, que lancemos mão de nossas ideias para, quem sabe, propor um novo modelo de educação para a sala de aula - em nível básico ou superior.
Serão expostas aqui algumas teorias sobre a educação mais próximas de nossos objetivos como professor, o que ilustra a ideia de que todos devemos ter um foco, quer como estudo, quer como prática. Refletir sobre as experiências é fundamental.
Acompanhe o blog para saberes o que há de novas ideias, para discutir, confrontar pensamentos, analisar possiibilidades ou até desenvolver novos mecanismos. Há a busca pelo melhor para todos e uma só pessoa pode ter ideias, mas nunca aplicá-las, se não tem o apoio de todos.
Seja bem-vindo e ótimas ideias!